Dan Paulo - Reflexão sobre a vida
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Falar sobre o que é o Homem do Século XXI talvez seja uma das coisas mais difíceis de se entender, visto que está em plena mutação para um ser humano mais qualificado e longe dos chavões e jargões que o designavam dentro da sociedade.
Não é aquele brutamonte que sai para trabalhar e volta pra casa, se joga no sofá e praticamente ordena que lhe entreguem sua bebida, alegando ter sido um dia cansativo. Não é aquele que acredita que toda mulher é um objeto que ele possa usar e desfrutrar sem qualquer consequência. Não é aquele que controla as finanças, liberando para sua cônjuge, ao seu bel-prazer, os centavos para compras que não estejam no rol das necessidades do lar. Ou ainda, aquele que tem medo de demonstrar sentimentos e tratar com carinho e respeito os outros para não ser tachado de frágil e ou outro adjetivo que lhe pareça pejorativo. Não, esse “não é” o novo homem, embora ainda exista nos dias atuais.
Esse “ser forte” começou a cair quando a ciência provou que os homens são literalmente mais frágeis que as mulheres. Começa ao nascer, quando os homens são muito mais sucetíveis ao óbito que elas. Também, estatisticamente comprovado, na faixa da puberdade para a fase adulta ele morre muito mais em virtude das “situações de violência”. Situações essas advindas da exposição à violência urbana como acidentes de carro e moto, excesso de álcool e drogas, brigas e agressões com armas brancas e de fogo, entre outros. E continua maior o número de óbitos quando à fase adulta, porque não cuidam da saúde e tendem a se expor mais aos vícios (beber, fumar, drogar-se, automedicação).
Perdem mais horas de sono, expõe-se mais ao estresse ocupacional, não desabafam e ou conversam sobre problemas, não fazem consultas médicas. Tudo isso porque foi educado desta forma, como um símbolo de virilidade.
Enquanto o homem se perdia nesta busca de autoafirmação, a mulher evolui e emancipou-se. Tornou-se competitiva, soube se “masculinizar” (em um sentido positivo da palavra). Ocupou e sem preconceito os espaços que o homem tinha como seu e o fez com maestria, qualidade e dignidade. Soube se impor e utilizar-se das suas forças com consciência e capacidade de executar. Manteve-se araigada em sua vaidade, cuidado pessoal, charme. Balanceou a criação dos filhos, o cuidar da família e casa com a competência profissional. Ela declarou sua independência financeira e emocional. Ela começou a exigir do homem a parceria, o cuidado com os filhos e família que ela sempre demonstrou ter. Exigiu também que ele se cuidasse, de corpo e alma, e fosse entregue à relação. E aí o homem baqueou!
Ele se viu diante de uma mulher nova e compreendeu que precisava renovar-se, cuidar-se, ser atencioso, carinhoso, cuidar da casa e da família, mas sua educação não o ajudava. Ele entrou em conflito, sentiu-se impotente diante desta mulher tão ou mais forte que ele, que independia de sua renda e ou afeto, mas simplesmente do seu companheirismo e amor. E este homem teve, tem, está tendo, que renovar-se, refazer-se, questionar-se e ressignificar-se para ter uma nova formação, novas atitudes, pois além do mercado de trabalho ele estava perdendo o terreno em casa. Os que não conseguem alcançar essa evolução, normalmente são os que agridem a fortaleza que essa mulher, essa nova mulher, é perante seus olhos. Agridem, pois não foram capazes de crescer e se desenvolver como elas. Eles agridem sua própria fragilidade, sua própria incompetência porque não são capazes de encará-la. O homem que não consegue visualizar esse novo estado da relação tenderá a ficar só.
Esse novo homem do século XXI não é só o competitivo, mas é o companheiro, é o que é capaz de conversar e expor seus sentimentos, é capaz de retroceder e avançar, é capaz de admirar a vitória de sua companheira e celebrar com ela, sem sabotá-la. É capaz de negociar o cuidar da casa para que ela cuide da renda. É aquele que não se importa no posicionamento perante a sociedade, mas sempre com o que sua companheira pensa sobre ele. É capaz de se readequar sempre, sem medo de parecer frágil, inseguro. Ele se refaz sempre que preciso sem deixar de ser